A busca por soluções inovadoras e sustentáveis no manejo agrícola tem ganhado destaque nas últimas décadas, especialmente diante da crescente demanda por produtividade em cenários de adversidades climáticas e restrições de recursos.
Nesse contexto, os enraizadores se apresentam como uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento das principais culturas agrícolas, como soja, milho e algodão, potencializando o crescimento das raízes e aumentando a eficiência no uso de água e nutrientes.
Isso porque eles são bioinsumos desenvolvidos especificamente para estimular o crescimento radicular das plantas. Eles conseguem promover maior profundidade e robustez nas raízes, o que resulta em uma planta mais saudável e preparada para enfrentar condições adversas, como estresse hídrico, variações de temperatura, pragas e doenças.
Geralmente compostos de substâncias bioquímicas que interagem com o metabolismo da planta, este produtos funcionam como um complemento ao manejo tradicional, otimizando o potencial de crescimento das culturas, especialmente quando associados a uma adequada aeração do solo. Isso porque, com o solo bem aerado, as raízes conseguem se expandir com mais facilidade, penetrando em áreas mais profundas e explorando melhor o substrato. Essa combinação de enraizadores e aeração resulta em plantas mais robustas e saudáveis, capazes de enfrentar estresses ambientais com maior resistência.
Como os enraizadores atuam no crescimento das raízes?
Há mais de 20 anos os enraizadores vêm sendo utilizados para melhorar a qualidade da lavoura. Estes hormônios vegetais têm tido um papel fundamental no crescimento e no desenvolvimento da planta. Isso porque manter os níveis de hormônios equilibrados, auxinas (AX), citocininas (CK) e giberelinas (GA), ajudam no melhor desenvolvimento da planta, garantindo o melhor potencial produtivo.
Estes hormônios atuam como mensageiros químicos entre células, tecidos e órgãos das plantas superiores. Ao serem aplicados na cultura da soja, por exemplo, promovem um maior crescimento das raízes secundárias, que são cruciais para a exploração de um volume maior de solo e, consequentemente, maior absorção de nutrientes.
O papel das raízes saudáveis
Um dos maiores desafios no campo é garantir a resiliência das culturas frente a estresses causados por fatores ambientais, como seca e temperaturas extremas, e aqueles causados por pragas e doenças. A aplicação de enraizadores aumenta a capacidade das plantas de resistir a tais estresses, permitindo que elas tenham acesso a mais recursos do solo, mesmo em condições desfavoráveis.
Estudos demonstram que o uso de enraizadores pode aumentar significativamente a tolerância das plantas a períodos de seca prolongada. Em regiões onde a escassez de água é um problema recorrente, o manejo adequado dos enraizadores pode significar a diferença entre uma safra de sucesso e perdas significativas.
Realizado em área experimental da Embrapa, em Sete Lagoas-MG, estudo na cultura da soja revelou que a oleaginosa mais cultivada no mundo apresentou resposta positiva ao uso do produto, que estimulou o crescimento da raiz através de uma maior divisão celular. Dessa forma, o produto aumentou a capacidade de absorção de nutrientes e água, refletindo diretamente na produtividade.
A importância dos enraizadores no manejo da soja, milho e algodão
Vital para todas as culturas, estes produtos são extremamente relevantes e exigem manejo preciso no plantio da soja, do milho e do algodão para garantir o máximo desempenho. Com raízes bem desenvolvidas, estas culturas conseguem resistir melhor a pragas e doenças, reduzindo a necessidade de defensivos agrícolas e promovendo uma agricultura mais sustentável.
Impactos dos enraizadores no uso de recursos
A eficiência no uso de recursos, como água e nutrientes, é um dos principais benefícios proporcionados pelos enraizadores. Um sistema radicular bem desenvolvido permite que a planta utilize de forma mais eficiente os insumos aplicados, como fertilizantes, evitando desperdícios e reduzindo os custos de produção. Além disso, plantas com raízes bem desenvolvidas são mais capazes de reter água e sobreviver em períodos de estiagem.
Um dos principais desafios dos agricultores é garantir a disponibilidade de água durante as fases críticas de desenvolvimento, como a floração e o enchimento de grãos. Com o uso de enraizadores, as plantas de milho, por exemplo, conseguem acessar água de camadas mais profundas do solo, garantindo o suprimento hídrico necessário para o desenvolvimento saudável da planta e para a formação de espigas de alta qualidade.
Realizado entre os meses de setembro a novembro de 2023, experimento na Fazenda Escola do Centro Universitário Fundação Assis Gurgacz, em Cascavel, no Paraná, confirmou que o uso de enraizadores no tratamento de sementes de milho estimula o maior enraizamento e contribui para uma melhor superação ao estresse, dando uma maior resistência em períodos de estiagem.
Melhores práticas de aplicação de enraizadores em soja, milho e algodão
O uso eficiente dos enraizadores depende da aplicação e da quantidade correta e no momento adequado do ciclo da cultura. Em geral, a recomendação é que os enraizadores sejam aplicados no início do ciclo das culturas, preferencialmente no pré-plantio ou logo após o plantio, quando as plantas estão em fase de formação do sistema radicular. Esse momento é crucial para que as raízes possam se desenvolver de maneira saudável e maximizar o aproveitamento dos nutrientes presentes no solo.
Na soja, a aplicação de enraizadores pode ser realizada logo após a semeadura, garantindo que as plantas desenvolvam um sistema radicular profundo desde o início. No milho, o uso de enraizadores no pré-plantio tem mostrado excelentes resultados, aumentando o volume de raízes e a capacidade de absorção de água durante os períodos críticos. Já no algodão, a aplicação de enraizadores no pós-plantio ajuda a promover o crescimento uniforme das raízes, preparando a planta para enfrentar períodos de estresse hídrico durante o desenvolvimento das maçãs.
Estudos e dados de campo: Resultados do uso de enraizadores
Em testes realizados pela Embrapa com soja em diferentes regiões do Brasil mostraram que os enraizadores aumentaram em até 15% o volume radicular das plantas, o que resultou em um incremento de até 10% na produtividade final da cultura. No milho, os enraizadores demonstraram aumentar a tolerância à seca, com resultados que apontam até 12% de redução na necessidade de irrigação durante o ciclo da cultura.
No algodão, a utilização de enraizadores tem mostrado resultados expressivos na melhoria da absorção de nutrientes, especialmente potássio e nitrogênio, essenciais para o desenvolvimento das fibras. Com raízes mais profundas e robustas, as plantas de algodão têm apresentado maior uniformidade no crescimento das maçãs, o que impacta diretamente na qualidade final do produto.
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Referências:
https://finom.edu.br/assets/uploads/cursos/tcc/202103041003043.pdf