A inflação é determinada pelo aumento dos preços de bens de consumo e serviços sendo causados pela alta dos custos de produção, de forma que a demanda permanece a mesma, mas o impacto da mudança dos custos gera a alta de preços de produtos e serviços. E é fácil notar que o agronegócio está sujeito à inflação de custos ligados aos fatores de risco das mais variadas fontes: tanto sistêmicas quanto relacionadas aos fatores climáticos, agronômicos, de mercado (oferta e demanda de commodities) e de liquidez.
O que você vai aprender nesse artigo:
- Inflação de custos
- Riscos no agronegócio
- Gerenciando negócios diante da inflação
- Como amenizar os riscos em sua gestão
Dada a necessidade do produtor rural brasileiro ser cada vez mais competitivo e, ao mesmo tempo, ter que aumentar a sua rentabilidade, a chave está em realizar uma gestão próxima, por meio do acompanhamento das informações financeiras e operacionais e do monitoramento dos indicadores de lucratividade e produtividade, bem como a avaliação dos seus processos. A ausência de precisão sobre os custos compromete a rentabilidade do negócio.
A elaboração de relatórios periódicos oferece avaliações, análises temporais e subsídios para tomada de decisões e planos futuros.
Inflação de custos
A inflação de custos é causada pelo aumento dos preços de produção. Podendo ocorrer a partir da variação cambial na matéria prima; nos tributos; nas taxas de juros; nos combustíveis e nas fontes de energia.
E esses são alguns dos fatores que fizeram com que os custos de produção agrícola aumentassem:
Insumos mais caros
Usados na preparação da terra para o plantio, cujos preços subiram com a alta demanda e o dólar em patamar elevado, já que boa parte desses produtos é importada. O MAP (fosfato monoamônico), por exemplo, teve alta de 92,2% entre julho de 2020 e de 2021. Este custo pode ser mitigado com a adoção de insumos que otimizem o uso de fertilizantes, como o tratamento biológico para sementes.
O preço do combustível
Mais precisamente do óleo diesel, que é utilizado em tratores, avançou com a recuperação do petróleo. O litro chegou a R$ 4,60, em média, entre os dias 8 e 14 de agosto de 2021. O valor é 26,8% maior do que o verificado ao fim de 2020, quando custava R$ 3,628. Segundo o economista-chefe Maurício Une, do Rabobank para a América do Sul, em entrevista ao nosso podcast Minuto Agro, os combustíveis em geral, tanto gasolina, etanol, óleo diesel e gás veicular, tiveram uma inflação na ordem de, praticamente, 50% ao consumidor. E eles têm um peso alto no valor do IPCA, mas, de forma geral, acabam tendo uma dissipação rápida. “Ainda que estejamos vendo uma pressão muito forte, uma inflação muito alta, ainda dão uma sensação para a gente de que, ao longo dos próximos 6 ou 9 meses, essa inflação de hoje, por exemplo, num choque desse porte, poderia dar alguma coisa do tipo 0,5% daqui a 6 ou 9 meses à frente. Então isso ajuda a manter a inflação pressionada para cima ao longo de 2022, não só de combustíveis, mas também de energia elétrica”, comentou Mauricio no episódio 12 do nosso podcast. Uma alternativa para se proteger deste risco é realizar uma gestão logística eficiente, planejando o uso do maquinário na lavoura para otimizar seu uso e, assim, diminuir o uso de combustível.
As variações climáticas
Geraram pressão adicional para a produção de alimentos. A seca de 2021 danificou plantações de grãos como café e milho e as geadas de julho agravaram o quadro de oferta. Aqui novamente citamos como uma alternativa os bioinsumos, como os biológicos, que aumentam a resiliência das plantas frente às variações climáticas, tornando-as mais resistentes a situações de estresse hídrico e de temperatura, evitando perdas e aumentando a produtividade.
Alimentação animal
Com custo maior, além da falta de chuva e frio intenso afetaram a alimentação do gado. Os produtores acabaram gastando mais com rações e suplementos, o que impactou os setores de carne e leite. Uma solução é uma formulação que leve em consideração grãos com um menor custo por unidade de nutrientes, além de escolher fontes de alimentos locais, afim de diminuir custos com transporte.
Conta de luz mais alta
Afeta os custos para quem precisa armazenar mercadorias no campo ou irrigar plantações. A crise hídrica também encarece as tarifas de energia elétrica. Aqui, uma forma de se proteger do risco e reduzir os custos com conta de luz é avaliar fontes de energias alternativas, que pode ser uma solução viável, como geração de energia solar, por biomassa ou biogás, já que os resíduos ainda podem se tornar adubo orgânico para a propriedade.
Para mitigar os efeitos destas atividades nos custos é importante mapear e analisar os dados e históricos do negócio, classificar a probabilidade de os eventos acontecerem, suas consequências e determinar um plano de ação. Para entender cenários futuros, buscar opções que possam diminuir e otimizar o uso de insumos que são fortemente impactados pela inflação é uma boa alternativa.
A inflação de custos não só impacta diretamente os custos de produção, mas também reflete no cotidiano do consumidor final. O economista Maurício Une lembra da inflação de alimentos, que gera preocupação para todo o setor, visto que impacta a inflação como um todo. “O que acho ainda que preocupa é como a inflação de alimentos, ao domicílio, continua muito alta. A gente está falando aqui de 11,5% praticamente nesses últimos 12 meses e essa inflação, sim, tem uma inércia maior e acaba tendo um impacto bastante forte na inflação de 2022. E, por isso, achamos que essa fique mais próxima de 4,9%, acima da banda superior para o Banco Central”, comenta ele, que acrescenta que, apesar do terceiro trimestre de 2021 ter sido pior, acredita que o agronegócio consiga performar bem e continuar ainda provendo bastante alimentos, não só para a economia doméstica, mas também para a global, trazendo retorno ao produtor.
Riscos no agronegócio
Os riscos de mercado estão associados à flutuação dos preços, que são provenientes da variação na oferta e demanda de commodities e de outras variáveis econômicas que impactam os custos e as receitas dos negócios. Essas variáveis incluem taxa de juros e de câmbio, crescimento da renda, entre outras.
Fatores como inflação gradual dos preços, retirada de subsídios e aumento da tributação têm levado os segmentos mais dinâmicos do setor rural a aprimorar seus conhecimentos sobre gestão e administração, com o objetivo de não só alcançar níveis mais elevados de produtividade e rentabilidade, mas também de tornar o negócio mais ágil e competitivo.
É na gestão de riscos e nas perspectivas de custos, receitas e fontes de financiamento que estão pautadas as tomadas de decisões do negócio. E as incertezas de mercado impactam diretamente nos riscos financeiros, principalmente no que se refere à imprevisibilidade da taxa de câmbio.
E quais as formas possíveis de gestão de riscos? Qual o custo de implementação desse modelo de gestão? Muitas ferramentas e tecnologias vêm sendo aplicadas para solucionar as possíveis formas de gestão de risco e o custo de implementação desse modelo de gestão, que afetam desde o orçamento do cultivo até a comercialização dos produtos agrícolas. Para estabelecer uma gestão eficiente dos riscos, a FIA, Fundação Instituto de Administração, estabelece 5 etapas fundamentais, que são:
- Organização do ambiente;
- Identificação dos riscos;
- Mensuração;
- Definição das ações a serem tomadas;
- Monitoramento dos riscos para uma melhor avaliação dos resultados.
Todas essas etapas e atividades possibilitam ao produtor ter informações relevantes e se preparar melhor, transformando os riscos em oportunidades.
Gerenciando negócios diante da inflação
O gerenciamento dos custos de produção é essencial para a mitigação dos riscos financeiros e está diretamente ligado à sazonalidade dos custos de produção.
Um mecanismo de proteção de risco que pode ser utilizado para atenuar o impacto das adversidades sobre a rentabilidade do negócio rural, por meio de indenizações, é o seguro rural, uma prática que não está amplamente disseminada no mercado brasileiro, mas que pode diminuir riscos, visto que pode haver rateios de perdas e garantir o investimento para as lavouras seguintes.
O armazenamento de grãos ainda é uma prática corrente para o setor, como forma de proteção. Aguardando um possível melhor preço para comercialização, alertamos que o produtor rural precisa considerar que esta estratégia pode trazer custos mascarados que acabam não sendo mensurados, como o de carregamento financeiro de estoque e, até mesmo, o risco da perda física.
Há também a expansão do mercado de títulos do agronegócio, que aumenta as alternativas de captação de crédito do setor, permitindo uma potencial diminuição dos custos ou alongamento das dívidas das companhias do setor.
Como amenizar os riscos em sua gestão
As informações sobre custos devem ser utilizadas como parâmetro nas tomadas de decisões. Essa apuração, devido às suas peculiaridades, geralmente ocorre de maneira descentralizada, o que dificulta o acompanhamento preciso de sua execução e exige confiabilidade e qualificação mínima por parte do responsável pelos registros.
E como o controle de custos das atividades agrícolas pode orientar produtor rural?
- Possibilita calcular os rendimentos das diversas culturas e criações;
- Permite a determinação do volume do negócio;
- Indica as melhores épocas para a venda e aquisição de produtos;
- Permite o cálculo dos custos da produção;
- Permite o cálculo das medidas de resultado econômico.
Para auxiliar o produtor na compra dos insumos, simplificamos o acesso ao crédito agrícola com o Crédito para o produtor rural da Indigo, melhorando o fluxo de caixa da fazenda. Aqui, você pode financiar o pacote completo de insumos, desde o fertilizante e a semente até os biológicos utilizados na lavoura, obtendo maior liberdade de escolha.
E falando neles, o uso de biológicos é mais do que apenas uma das etapas da produção do plantio, mas é um grande passo no desenvolvimento de um negócio saudável e economicamente viável, já que esses insumos contribuem para o aumento da produtividade e rentabilidade da lavoura.
Nós possuímos uma linha de biológicos de alta performance, que funcionam como uma garantia de produtividade para a lavoura em situações de estresse, melhorando o rendimento e, por consequência, ajudando a proteger os negócios dos riscos trazidos pelo impacto da inflação. Esses biológicos são produzidos a partir de microrganismos existentes na natureza e podem ser utilizados na suplementação de fertilizantes, reduzindo o impacto ambiental e acelerando a ciclagem de nutrientes, além de aumentarem a liberação de fósforo presente na matéria orgânica e enriquecerem biologicamente o solo. Tudo isso pode tornar o produtor mais confiante e independente, já que ajuda a diminuir a submissão por fertilizantes importados e otimiza os resultados e a antecipação dos riscos que possam atingir a lavoura.